Todos os alunos que alcançaram média acabaram recuperando a nota. Jogos estimulam raciocínio lógico e interpretação de texto, diz instituição.
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Alunos de escola em Taguatinga estudam matemática por meio de jogos em computadores (Foto: Ismália Afonso/Arquivo pessoal) |
Nada de horas de estudo decorando fórmulas geométricas e
nem tabuadas: alunos de uma escola de Taguatinga, no Distrito Federal – do 6° ano do Ensino Fundamental ao
3° do Ensino Médio – usam jogos virtuais para aprender matemática. Segundo a
direção do colégio, a diferença no boletim é notória. Em algumas turmas, por
exemplo, houve queda dos índices de recuperação. Todos os 16 estudantes que não
conseguiram alcançar a média 7 ao final do trimestre acabaram recuperando a
nota.
A geometria analítica e espacial se espalham em games
dos mais diversos tipos. Os alunos conseguem realizar exercícios enquanto usam
mísseis para destruir meteoros que atingirão a Terra ou até mesmo tentam salvar
a vida de uma família de aranhas. Ao final da partida, os estudantes podem
conferir um ranking das melhores pontuações de todo a escola Serviço Social da
Indústria (Sesi).
"Não gostava muito de matemática. Antes, não
conseguia acompanhar os exercícios no quadro, demorava muito pra compreender.
Depois dos jogos, consigo interpretar os problemas mais rapidamente, sabe?
Desenvolvi raciocíonio lógico e, como temos acesso também em casa, me divirto
aos finais de semana jogando", diz a estudante do 8° ano do Ensino
Fundamental, Ana Carolina de Moraes, de 13 anos.
Cerca de 800 alunos participam das atividades, lideradas
por dez professores ao longo de 25 horas semanais. A sala tem 40 lugares,
organizados de forma que os estudantes possam trabalhar em grupo.
"Para salvar a família de aranhas, por exemplo, os
alunos precisam testar seus conhecimentos em temas como retas, ângulos e
teoremas de circunferências.Um estudante que esteja utilizando bem a plataforma
chega a realizar 800 exercícios de matemática em uma semana. Isso é impensável
utilizando métodos convencionais como dever de casa e na sala de aula",
disse o professor responsável pela coordenação da sala, André Alcântara.
Gabriel Antunes, de 15 anos, sonha em cursar mecatrônica
na Universidade de Brasília. Ele viu nos jogos, uma forma de
se preparar para a primeira etapa do Programa de Avaliação Seriada (PAS).
Segundo ele, outras escolas poderiam implantar o projeto.
"Aprendemos brincando e de uma forma interessante.
É chato ter que ficar sentado durante horas olhando pra um quadro e tentando
entender fórmulas diferentes. Aumentei minhas notas e a paixão pela matemática
só aumentou", comemora o estudante do 1° ano do Ensino Médio.
Melhorias
De acordo com o diretor da escola Sesi, Henrique Pinto, a adoção do projeto foi
extremamente positiva. Alunos do 2° ano registraram aumentos de até 24 pontos
nas avaliações de matemática.
“Conseguimos sentir o aumento do interesse pelos conteúdos,
a melhoria do aprendizado e do desempenho dos estudantes. A matemática é um
bicho-papão criado na educação brasileira. É um dos principais gargalos na
aprendizagem das escolas. Nós precisamos melhorar a forma de lidar com a
disciplina."
A estudante Gabriela Guimarães, de 12 anos, diz que o
ranking entre os alunos estimula uma competição saudável. Ela conta que, antes
dos exercícios virtuais, demorava 20 minutos para terminar um exercício. Agora,
não passa de 5 minutos.
"Fiquei muito feliz com os resultados. Mesmo nova,
pretendo fazer um bom Enem e um vestibular. Quero ser médica", conclui.